Revista Brasileira de Epidemiologia, Volume: 12, Número: 3, Publicado: 2009
  • Cor/raça e desigualdades em saúde bucal entre adolescentes brasileiros Original Articles

    Bastos, João Luiz; Antunes, José Leopoldo Ferreira; Frias, Antonio Carlos; Souza, Maria da Luz Rosário de; Peres, Karen Glazer; Peres, Marco Aurélio

    Resumo em Português:

    O presente estudo avaliou desfechos de saúde bucal (necessidade de tratamento dentário autopercebida, cárie dentária não tratada, sangramento gengival, bolsa periodontal e dor nos dentes e gengivas) com o intuito de identificar desigualdades por cor/raça entre adolescentes em cada uma das macro-regiões brasileiras. O banco de dados incluiu informações sociodemográficas e de exames bucais de 16.833 adolescentes entre 15-19 anos de idade, investigados pelo Ministério de Saúde entre maio de 2002 e outubro de 2003, conforme critérios diagnósticos preconizados pela Organização Mundial da Saúde. Foram utilizadas razões de prevalência, calculadas por regressão de Poisson e ajustadas para variáveis socioeconômicas e acesso a água fluoretada, para estimar desigualdades nos desfechos de saúde bucal entre os grupos de cor/raça e as macro-regiões brasileiras. Exceto para bolsa periodontal, as estimativas de prevalência foram mais altas no Norte e no Nordeste: necessidade de tratamento dentário autopercebida, cárie dentária não tratada, sangramento gengival e dor nos dentes e gengivas variaram entre 80-83%, 75-76%, 38-43% e 17-18%, respectivamente, nestas regiões. Os adolescentes do Sudeste - a macro-região mais rica do país - apresentaram, em geral, melhores condições de saúde bucal, quando comparados com seus pares das demais macro-regiões; os adolescentes do Sudeste apresentaram menores prevalências de cárie dentária não tratada (54%) e de sangramento gengival (29%). Entretanto, o Sudeste demonstrou desigualdades por cor/raça em todos os desfechos investigados, com piores condições afetando sistematicamente pardos ou pretos, a depender da condição de saúde bucal investigada. Estes resultados reforçam a necessidade de expandir as ações dirigidas à saúde bucal dos adolescentes brasileiros. Programas/intervenções em saúde socialmente sensíveis devem visar a redução de níveis de morbidades bucais, bem como de suas desigualdades.

    Resumo em Inglês:

    This study assessed oral health outcomes (perceived dental treatment need, untreated dental caries, gingival bleeding, periodontal pockets, and pain in teeth and gums), in relation to color/race inequalities among adolescents in each Brazilian region. The database included dental examination and interview of 16,833 15-19-year-old adolescents, surveyed by the Brazilian health authority, from May 2002 to October 2003, in accordance with international diagnostic criteria standardized by the World Health Organization. Prevalence ratios estimated by Poisson regression, and controlled by socioeconomic status and access to fluoridated piped water, assessed oral health differentials among color/race groups and country's regions. Except for periodontal pockets, prevalence figures were higher in the North and Northeast: perceived dental treatment needs, untreated dental caries, gingival bleeding at probing and pain in teeth and gums varied between 80-83%, 75-76%, 38-43%, and 17-18%, respectively, in these regions. Adolescents living in the Southeast - the richest Brazilian region - presented a better general profile of oral health than their counterparts living in the remaining regions; they had a lower prevalence of untreated dental caries (54%) and unfavorable gingival status (29%). However, the Southeast presented color/race inequalities in all oral health outcomes, with a poorer profile systematically affecting browns or blacks, depending on the oral health condition under consideration. These results reinforce the need for expanding the amplitude of health initiatives aimed at adolescent oral health. Socially appropriate health programs should concurrently aim at the reduction of levels of oral disease and its inequalities.
  • Mapeamento do risco de malaria utilizando variáveis ambientais e antrópicas Original Articles

    Rincón-Romero, Mauricio Edilberto; Londoño, Julián Esteban

    Resumo em Espanhol:

    A pesar de muchas investigaciones en la identificación de las zonas con presencia de malaria, es urgente profundizar las técnicas de su mapeo para lograr mejores aproximaciones, para ayudar a focalizar los esfuerzos y recursos en prevención, mitigación y estrategias de erradicación del mosquito y eventualmente de la enfermedad. Usando modelación espacial distribuida con herramientas de Sistemas de Información Geográfica (SIG), el presente estudio propone una metodología para el mapeo y la zonificación del riesgo de malaria en el municipio de Buenaventura - Colombia. Se presenta una estrategia de adaptación del modelo propuesto por Craig et al.¹ (1999) que usa información climática, adaptándolo a las condiciones propias del área de estudio en cuanto a escala y resolución espacial. Se adicionaron variables geomorfológicas y antrópicas para mejorar la localización espacial de las zonas con mayor riesgo de contraer la enfermedad, refinando la zonificación, y se contrastó espacialmente con los sitios reportados por las entidades de salud². La comparación de los resultados muestra la disminución del área que se obtuvo inicialmente con la aplicación del modelo de Craig et al. ¹ de 5422.4 km² (89.1% del territorio del municipio) a 624.3km² (aproximadamente 10% del área del municipio), dando una reducción total del 78.8% al incluir las variables ambientales y antrópicas en la producción del mapa de riesgo. Los datos muestran que de 9,860 casos reportados durante 2001 y 2005 para 20 localidades seleccionadas con base en la cantidad de registros de malaria², 1,132 se ubicaron en las zonas identificadas de muy alto riesgo, 7,662 se sobrepusieron en las zonas de riesgo moderado y 1,066 casos en la zona de riesgo bajo, mostrando que el 89% de ellos se ubican en las zonas modeladas con mayor riesgo de malaria.

    Resumo em Inglês:

    Despite much research in the identification of areas with malaria, it is urgent to further investigate mapping techniques to achieve better approaches in strategies to prevent, mitigate, and eradicate the mosquito and the illness eventually. By using spatial distributed modeling techniques with Geographical Information Systems (GIS), the study proposes methodology to map malaria risk zoning for the municipality of Buenaventura in Colombia. The model proposed by Craig et al.¹ using climatic information was adapted to the conditions of the study area regarding scale and spatial resolution. Geomorphologic and anthropic variables were added to improve spatial allocation of areas with higher risk of contracting the illness, refining zoning. Then, they were contrasted with the locations reported by health entities², taking into account spatial distribution. The comparison of results shows a decrease in the area obtained initially using the Craig et al. model¹ (1999), from 5,422.4 km² (89.1% of the municipality's territory) to 624.3km² (approximately 10% of the municipality's area), yielding a total reduction of 78.8% when environmental and anthropic variables were included in the model. Data show that of the 9,863 cases reported during 2001 to 2005 for 20 selected towns as basis for the amount of surveyed malaria cases², 1,132 were located in the very high-risk areas, 7,662 were in the areas of moderate risk, and 1,066 cases in low-risk areas, showing that 89% of the cases reported fell into the areas with higher risk for malaria.
Associação Brasileira de Pós -Graduação em Saúde Coletiva São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revbrepi@usp.br